segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Au revoir 2012

Fazendo uma retrospectiva do ano de 2012, a coisa mais difícil desse ano que se foi, foi justamente isso, deixar o coração se encher, se encher tanto que transbordou pelos olhos. Que se repita!

domingo, 7 de outubro de 2012

You have cancer of the soul.

Eu não pedi pra me seguir ou contar histórias nossas por aí, nem pedi pra nossas vidas se cruzarem, muito menos fiz uma oração vez ou outra pra alguém como você. Inclusive, histórias como essas, são bem comuns e você não precisa encher de estrelas e aura pra enfeitar coisas que eu nem tive gosto em fazer. Nós ficamos juntos porque eu não tinha nada melhor pra um domingo de chuva ás 17 da tarde. Não tinha nada de bonito nos seus cobertores verde escuro, no teto com tinta descascada, na cortina de renda de toalha de mesa de vó, no céu cinza e no barulho lá fora nos ameaçando, o mundo gritando pra eu sair de perto de você. Se queres ainda, é porque nunca pôde ouvir. Meus caminhos seriam opostos aos seus, se você não me seguisse - a gente não combina porque não caminha junto - e se olhasse nos meus olhos e pudesse ver o quanto eles não querem olhar pra você, daí talvez nos completaríamos, nos completaríamos na harmonia que existe entre eu e você, aquela harmonia que só existe se estiver bem longe de mim.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

terça-feira, 24 de julho de 2012

Eu sempre me descubro cheia de vontades impossíveis. Ontem mesmo eu quis te ligar pra dizer que eu sinto saudades de nós dois, inclusive da falta de compromisso que nós tínhamos, uma vez na vida achar alguém que a gente ama, mas que a gente sabe que veio pro nosso mundo pra gente deixar voltar pro mundo. Nós somos de outras pessoas. Mas eu ainda sinto saudade de descansar com você depois do almoço, de nos encontrarmos em algum lugar e mesmo sem poder, te tocar despropositalmente em qualquer lugar porque tudo que estava a minha volta era voltado pra você. Eu virei fluente no teu corpo. Eu vi que de tudo que pode ser verdadeiro, você era o mais verdadeiro que eu tive. Nós nunca conjugamos nós. A gente foi de verdade: dar amor pra se ter amor e foi isso. Foi ótimo. Foi quente. Foram doses de realidade doce daqueles que eu acho que poucas pessoas acham. Ainda bem que um dia eu achei você. E até parecia de mentira, nós sabíamos que aquele beijo era o último beijo. E em dias como hoje, eu me deito e não consigo me encaixar na cama mais porque nossos espaços não são mais divididos, e me vem logo aquele cheiro de você e eu esperando que chegue mais perto, tão perto e você nunca está, eu nunca te acho nos caminhos que eu faço. E nos dias mais difíceis, eu queria te esbarrar na rua, te levar pro nosso quarto com os nossos oito travesseiros, colocar o edredon no chão e ficar deixando a vida passar, porque minha amargura vai embora quando você me abraça. A gente é tão de verdade. Você é minha melhor terapia, meu melhor remédio, você faz com que eu queira seguir teus passos só pra que quando tudo estiver torto, você coloque suas mãos no meu corpo e coloque pra lá tudo que me faz mal. Você é meu melhor homem. Só eu sei. Mas aí a gente entrou naqueles aviões, e voamos pra caminhos opostos. Nem que o mundo começasse de novo dava pra mudar. E nós sabíamos que aquele beijo era o último beijo, foi curto demais.

domingo, 4 de setembro de 2011

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Encomendou um balão do tamanho metafórico da lua e apanhando do sótão cem piscas-piscas que não trabalhariam até o próximo Natal, arranjou um céu estrelado. Tal lual, escolheu que ocorresse de frente ao mar, e combinando um preço ainda extra-oficial com Iemanjá, controlou o fluxo d´as ondas... Cortado a laser, na Holanda, endireitou um tronco esquecido como que despropositalmente ali na areia - essa feita das poeiras do seu guarda-roupa. Para o escuro, contou com a noite. E para o clima a brisa do ventilador. O clima ficou por conta das cigarras que catara na porta de casa e do cheiro de incenso de sândalo. Até parece que resignada essência perfuma assim, ambientes corriqueiros. Evidentemente eu não raciocinava.

- De olhos fechados tudo isso parece verdade.
- Posso te beijar agora?
- Por favor, não. Me deixa aqui fora da realidade.

E além disso tudo! De companhia concreta, osso e carne. E nada mais precisava ser descrito, pois era a cena mais bonita do mundo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dois

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Quando é tarde e passeio pela cidade olhando para o mar azul escurecido, demarco o território que nós percorremos refazendo os nossos passos.
Conto-os: três, quatro, seiscentos e seis, mil e cinqüenta e quatro...
Onde caminhamos lado a lado, repito os passos duas vezes. Onde brigamos, dou a volta e os desfaço. Onde você me levantou e girou no ar, rodopio. Onde nos beijamos, paro.
Fundo: este é o nosso espaço. Um milhão trezentos e setenta e três.
Além dele está a tristecidade. Cá dentro, mora o para sempre. Penso em um nome diferente do seu para batizá-lo. Fico com o seu mesmo.
Depois que abril passou, acho que todos os meses posteriores foram frios.

Moro na felicidade e sempre é quente. Daqui, noto. Há um limite ali. Um rio, uma montanha, um lago, algo que divide nossos estados de espírito. Agora, estou eu. Afora, está você.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

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Eu guardo meus segredos ao lado da cama, num criado-mudo para não serem revelados. Perto deles ficam souvernis e lembranças, recados e cartas. Em gavetas feitas para acomodarem meus amores e escárnios.
Creio ter deixado umas duas ou três lembranças numa casa qualquer, com qualquer um. Mas garanto que as guardadas estão completamente acessíveis para instantes de abismos e crises. Para saber que sou triste justamente por conhecer momentos felizes.
Tenho uma memorabilia. Uma mobília de coisas antigas. E dentro dela num espaço específico, jazem assim como deixadas de lado, numa caixa de jóias, as mais preciosas memórias que me ajudam a recordar de mim.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

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Quem foi que disse que é errado ser assim? Quem não gosta de histórias? Mentiras ou verdades, histórias. Ficção é minha palavra favorita. Ficção não é realidade, na ficção se é o que se quer ser. Ela sempre quis ser várias coisas diferentes, de fingir vida pra querer um pouco de verdade. Realidade que constrói, não realidade que existe por si só... Eu sou doze personagens diferentes todos os dias, e você, você nem é você de verdade, mesmo que te caia bem, mesmo que eu pudesse me apaixonar, mesmo assim não somos diferentes, somos? Aqui mesmo, onde eu existo completa, eu sou o que não sou, te escrevo pra dizer coisas que eu não sinto, mas que existem dentro de mim, porque você finge junto comigo.
Nós andamos de mãos dadas, todas as dores pra dentro, todos os risos pra fora. Pra enganar o mundo. Pra doer menos. Pra fingir sanidade em um mundo de loucos, ou pra parecer insano quando tudo beira a normalidade. A ficcão é uma escolha, e ela nos veste muito bem.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Se era pra ser se perdeu.
E eu bem quis ser esse tanto de coisas que nós sonhamos, mas meus desejos ficaram reclusos na espera longa. Culpa do mundo, diria ela.
Me acostumei a ser sozinha. Sozinha nas cartas que escrevo, sozinha nos desejos, sozinha da vida, sozinha em cada sonho que sonho.
E a espera estranha por algo sem nome aqui fica. Como eu posso te dizer o que quero se o que eu quero são doces, curvas, cores e trilha sonora demais? Esse chão testemunhou meu desespero nos passos apressados e nas lágrimas perdidas, então não me olhe com essa sua cara inquisidora, meu ritmo foge do teu porque meu desejo de viver sempre intenso não aceita pouco. Pouco me enlouquece, não vê?
Nesse mundo preso dentro de mim, planejo pessoas, diálogos, caminhos, refaço muitas das coisas que já existem aqui perto de mim e me perco numa realidade doce, eu não quero voltar pra ser o que tu e tantos querem.
Meu eu vai caminhando assim sentindo e fazendo poesia, cheio de lágrimas por fora, intensamente feliz por dentro.

sábado, 4 de dezembro de 2010

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Às vezes eu acabo concordando que na minha certidão de nascimento deveria mesmo estar escrito OZ, ou que seja, Terra do Nunca. Onde foram parar todos esses anos?
E eu nem sei se essa síndrome de Peter Pan me incomoda.
Pelo menos foi desse meu jeito atípico que camuflei as esperas mais longas e cruéis da minha vida. Vai ver foi esse o meu mecanismo utilizado para que tudo doesse menos e por menos tempo. Pra manter ainda disposto o coração.
O que de fato perturba é ter ainda a sensibilidade de uma criança. E o pior, junto de uma bagagem e a visão real do que é o mundo hoje.
Eu sofro demais com os animais abandonados e tenho a infeliz consciência de que salvar um só não irá resolver.
Eu simplesmente não me contextualizei na matéria de cegar certos sentimentos que a modernidade tanto exigiu. Pra mim é complicado entender que esmola não se dá e que grande parte da sociedade hoje não tem as mesmas chances que eu. E que palavra ridícula é essa chamada de sociedade!
Talvez eu tenha estagnado no tempo pelo fato de que sendo criança eu era maior que tudo. E eu podia salvar o mundo salavando a asa de um passarinho. E eu podia também dormir em paz dividindo apenas o saco de pipoca com o "menino de rua". E era mais fácil quando eu não entendia o porquê de tanta gente dormir na rua em dias que faziam tanto frio.
Com 22 anos eu acho horrível o meu discernimento. E não sei ainda e o difícil é crescer ou compreeender.
Então eu prefiro ficar assim, a banalizar o que pra mim não é aceitável. E recuso-me a ler em jornais e noticiários casos de homicídios, balas perdidas e miséria como se fossem meros classificados.
É sim a recusa pelos meus dias, pelo meus tempo, dessa minha infeliz história.
Que se danem os meus testes psicológicos! Eu vou estar na casa dos 60 com os mesmos fortes traços de infantilidade, desenhando botões coloridos em blusas e me sentindo insegura diante de um mundo em que sou uma estranha.
E que Deus me permita permanecer estranha em um mundo que se tornou tão estranho.

Fernanda Gava

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Das coisas que eu já não preciso

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Nessas tardes em que o sol arde e força meus olhos a fecharem, formam-se no vermelho escuro das minhas pálpebras o seu ventre, seus membros, você em partes. Nelas por todo me acolho e repouso, me direciono e fico, em abraço, dizendo no silêncio do aconchego, no recolhimento deste infinito entre seus dois braços, frases com pontuações em indefinido, num novembro bem doce.

Deixo aqui, portanto, a frase que tanto repito, e já não sei mais como entono, em torno disso que fantasio:

Quero você.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Das coisas que eu odeio

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Se a vida fosse assim tão fácil, até que me acostumaria com o óbvio, com o tédio, com a falta de alguma coisa que ainda não sei o nome, mas o mundo do jeito que é, não deu.
Odeio essa aceitação de coisas inaceitáveis, odeio hipocrisia, odeio a facilidade com que as pessoas definem e mudam seu caráter, seus valores, sua opinião. Odeio a falta de bom senso, a conivência com tudo que é errado, eu odeio a degradação da educação e valores que a mídia promove, eu odeio a porra da democracia onde todo mundo vota, a porra de uma nação desorientada, onde uma pessoa sem estudo e alcóolatra se torna líder, eu odeio ver a corja se tornar heróis nas bocas que passam por aí. Eu odeio o silêncio dos que tem muito a dizer e odeio meu próprio silêncio. Odeio o ódio a coisas banais. Odeio a falta de escola, odeio a preguiça e a inveja. Não odeio a vaidade e a gula. Odeio o egoísmo, o egocentrismo, odeio a injustiça. Odeio quem só reclama de impostos absurdos e não cobra os serviços públicos. Odeio quem se manifesta pela morte, odeio quem não se manisfesta pela ética. Odeio violência. Odeio quem machuca os outros.
E se tem uma coisa que eu realmente odeio, é pecar também.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

De dias ou anos

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Enquanto eu era concebida, você não gostava de meninas ainda, demorou alguns 6, 8 anos pra você perceber que elas existiam e mais 11 ou 9 pra te achar.
Mas agora nós sabemos. E se agora eu quiser ser feliz? E se eu quiser acordar um dia e querer dividir isso com outro? Terei que ouvir novos cantores, mudar meu gosto musical para não ver você empreguinado nesse meu novo hipotético parceiro!
Vou ter que explicar coisas que você entende naturalmente.
Vou passear pelo shopping esbarrando em outras pessoas que amarrotam meu vestido e não trocariam mais de 20 palavras dignas de um eu e você.
Seríamos "nós" a única chance de não ser feliz sozinho?
Não ligue pra o que eu digo e muito menos ligue pra mim. Não decore o meu número. Mas não vai pra essa porra de guerra, para de fazer guerra. Porra, quem vai cuidar de mim? Não é de outra que você precisa cuidar... Ou dê a deixa pra te inventar um outro nome que não te traduza mais.

terça-feira, 29 de junho de 2010

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Quando me faltaram enredos pra um novo começo surge você, e eu sei a razão: duzentos e sessenta e quatro meses, descontando-se a gestação, você me apareceu no meio de abril, sem nenhum cabalismo nos números da data ou poesia nas palavras, como trivial ou acostumado a aparecer atrasado. Dia de sábado, com pretensões diferentes... Para desde então, me fazer estranha.
Com o aumento da nossa estima, providenciei também uma mudança na nossa baixa estimativa. Nesse tempo, você tomou cinco por cento de mim. O que é pouco, evidentemente, mas por motivos que eu ainda desconheço. Mas nada que não exponenciássemos a melhores nove vírgula um na última noite.
Antes do final do ano, atingiríamos a metade de mim, e o quão antes pudéssemos, você seria tanto, que por direito, portanto, seria o amor da minha vida.
Queria eu ter escrito isso em mais-que-perfeito, ao invés da imperfeição do que agora significa estes imprecisos números que você representa.

domingo, 16 de maio de 2010

How my girl makes me feel

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Eu cansei de ouvir esses nossos amigos com suas frases na medida que não passam de três centímetros que nada pode nos satisfazer, cansei da sua mãe que emite sons que fazem meus sentidos entrarem em pânico, cansei da porra do teu teu jeito que me deixa sem jeito e sem ter nada pra dizer.
Eu queria que você fosse uma atriz hollywoodiana, pra gente ter fama, glamour e riqueza. Assim eu cagava pra sua mãe, pra você, pra essas pessoas na rua, pros nossos amigos, pro álcool, pras palavras, pro cheiro mórbido que exala de tudo que te rodeia. Eu vejo os holofotes em cima de você, enquanto você diz pra todo mundo quanto amor você tem guardado e se surpreende as 12 vezes ao dia com meu jeito de ser. Eu escuto sua voz agora mesmo, dói tanto que me sinto com ouvidos de cachorros desesperados e você apitando com toda a sua força, fazendo esse som filho da puta que só você faz.
Então, larga mão desse negócio de different outlook, porque eu nunca vou mudar, ou você me aceita como eu sou, ou a gente aprende a dizer não.

domingo, 25 de abril de 2010

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É um riso que preso em mim, sabe da necessidade de outros dentes para se completar alegria, ou são minhas mãos frias nas intermitentes chuvas às duas da tarde, que denunciam a carência e a fome de companhia. Mas não, não adianta eu fechar os olhos, e imaginar alguém a quem chamo de você pelas escadas do prédio, pelos corredores da casa, por volta de mim. Não adianta ser você, alguém, quem habita os meus pensamentos se ninguém está.

Ah, se pudesse certamente concretizaria em estar o seu não-ser nos entraleces das minhas pernas, no falecer da respiração dos meus pulmões e no passeio das artérias, pois já é minha alma o seu estado de graça. E a minha vida um dilema antigo no qual ser e não estar é minha grande questão...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Pra quem se foi

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"- Não vai..." era o que eu queria dizer, mas eu não podia. Não podia porque você era dispensável, lindo e dispensável. Inteligente, mas dispensável. Engraçado, me desligava do mundo, inteiro, mas totalmente dispensável.
Deve haver um momento que eu vou cruzar com você e vou te dizer exatamente isso: dessa vez, pelo menos dessa vez, não vai. Mas não pude, me enrolei na verdade, que é mais dispensável que você.
E por isso que não há muito tempo atrás me senti úmida, porque o mar de você que existe dentro de mim te queria. Te queria exatamente como há quatro anos atrás e eu achei que tivesse morrido, te queria exatamente como há dois anos atrás e eu achei que tivesse morrido, mas viveu, porque as ondas de você demoram pra chegar e vem desmontando todas as barreiras que eu já criei pra ti, mas você só passa e se vai.
E mesmo te querendo assim, não me incomoda nenhum pouco estar longe de você e não te ter na minha cama, porque você me ensinou que é totalmente dispensável.
As ligações que você fazia hora ou outra, me deixavam feliz, mas eram totalmente dispensáveis. Os seus pedidos, instigantes, mas totalmente dispensáveis. As suas vontades, totalmente dispensáveis.
E mesmo assim, eu escrevi esse texto justamente pra isso: não vai. Não enquanto eu quero que você seja assim, indispensável.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Nosso circo

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Ontem eu comecei a ler um livro, se chama 'The Prodigal Daughter'. Eu já estava lendo outro livro e se eu pudesse eu te explicava mais ou menos como é estranho pra mim começar a ler um livro quando eu já estou lendo outro. O fato é que os dois livros são bons, um é de fantasia, que é meu estilo preferido, o outro é um romance sobre poloneses, uma menina diferente e a presidência dos Estados Unidos. Eu gostei, mas não consegui ler, porque aconteceu que eu fiquei esperando... E a espera me prendeu bem aqui onde eu estou agora. Aí eu passei o dia olhando pras coisas e imaginando como eu poderia preencher esses horários que parecem tão vazios enquanto eu espero pra ver se você chega ou não com os pedaços que completam esse quebra-cabeça. Eu comecei o dia brincando com coisas que te surpreenderiam se me conhecesse o suficiente pra entender que aquele ali não era meu lugar, e se não bastasse, fiz o almoço hoje. Aí deitei no sofá, rodei por milhões de canais e decidi que ia ver um programa que eu já gostei um dia, mas não gostava mais, porque outra coisa que me prendesse de verdade era só a espera, e eu sabia disso. Eu não queria. Resolvi os problemas do cabo da minha câmera e até dividi minha atenção com meia dúzia de pessoas com as quais eu sabia que eu perdia tempo, porque abrir espaço pra se sentir sozinha foi uma das coisas que eu percebi que precisava mesmo ser tola pra fazer. Aí quando veio ás cinco, seis horas da tarde decidi que era o momento, eu tinha que me decidir. Ou eu ia me entupir de sentimentos efusivos em algum lugar, ou eu esperaria... E aí eu te vi ali. Foi nesse momento mais ou menos que eu soube que não tinham peças pra você trazer, a gente já tinha montado. E é até legal, acho que forma a figura de um circo. Nós dois estamos ali, lindos, nos enroscando e nos tocando no alto por cordas amarradas por todos os lados, mas logo nos perdemos no chão no meio de todos os acrobatas que tiram o brilho de nós dois por nos tornarmos só mais dois coadjuvantes num show que é bonito e tem que ser assim. Mas não me entenda mal, meus olhares dispersos, minha espera... Nada mais é do que alguém que não sabe encher o corpo de uma sensação-sem-nome e ter que esvaziar logo depois.
E quando acaba nossa peça e você vai embora sem olhar pra trás, eu tenho um pouco de pena por você não acreditar em coisas que não estão nas estatísticas, ou em coisas do coração, ou das verdades que existem nessas 482 palavras que você acabou de ler... Mas eu sei que você entende, porque essa é a única certeza que eu encontro em 'todos os você' que eu já conheci.
Então eu fiquei esperando, esperando porque eu precisava ouvir você dizer que eu não precisava ter medo, que todo aquele nosso passado ainda existe e todo aquele silêncio não quebrou o que existe entre nós dois. Tô aqui esperando, lendo e relendo, porque eu tinha esquecido quanto era bom quando eu desligo o mundo e resta só eu e você.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

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Tanta gente nesse mundo é enganação, pare pra pensar, de verdade: quem é que é alguma porra realmente? O mundo é dividido entre os que fazem encenação, que dá aí uns bons oitenta e cinco por cento (procure por aí, as pessoas em festa como se cada movimento fosse um clique de foto, o jeito de sentar milimetricamente calculado para nada querer dizer, procure, tantas poses com a bebida na mão e o cigarro na outra, procure por aí os olhares misteriosos, se dando uma importância transcendental com o charme de não aparentar nenhuma, os saltos, os jogos de tortura mental, ligo na terça pra dar tempo dela sentir falta na segunda, sair por cima é a única saída, procure, são tantos os tipos, eruditos preenchidos do sentir externo, felizes de morrer, tristes de matar, artistas papagaios, piadistas sem humor próprio, “autênticos” em série, tudo fruto de ensaio, tudo fruto de frase pronta ou sensação copiada) e os que simplesmente desistiram da vida toda (os que vagam semi mortos, não se importam mais com machucados, cartas, barulhos de chuva e músculos, não se preocupam com o que vão dizer ou pensar ou causar ou carregar, foda-se, que venha a morte mas antes se der pra gozar só mais uma vez, só mais uma vez, de barrigada ou caridade, é o princípio dos alcoólicos anônimos só que pra parar de morrer: só mais um dia vivendo. Os que não vivem quase enganam que são de verdade, com seus panos e movimentos e bens igualmente abandonados, mas ser de verdade sem “estar” não vale muito, pense bem.).
O mundo é dividido entre os que sentem o que gostariam (e não o que sentem) e os que não sentem mais e ufa, melhor assim. E no meio dessa merda toda, de vez em quando, aparece alguém de verdade. E apareceu, o cara dos desenhos, o cara dos desenhos. O cara dos uivos e pulos e rabiscos e jeito de olhar que dá vontade de uivar e pular e rabiscar. E eu senti bater no fundo, um murro, um tapa na cara no estômago. Esse cara tá aqui. Temos aí um ser humano em plena atividade de estar vivo e ser ele próprio. Essa espécie em extinção chamada pessoa, ou gente, ou cara. O cara dos desenhos.
Escolhi a tela do demônio do bem. Se o mundo fosse trilogia francesa ou pornochanchada brasileira, ele viria entregar o quadro de jardineira jeans e faríamos amor até essa minha cama vagabunda expulsar os gaveteiros que mamãe desenhou pensando na praticidade de uma casa pequena. Mas como a vida é chata, vou me contentar em dormir abraçada com o seu demônio do bem, sonhando com o dia que você vai olhar de novo tão profundamente pra mim que até ter pele me soou um desacato.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Até que gosto de você

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Até que gosto de você e acho interessante. Penso até que te acho mais interessante do que gosto de você, mas não entendo esse teu jeito de ser me impedindo de estar. Estou bem, não precisa se preocupar, eu não estou feliz, é verdade, mas não estou triste também. Desculpa o away, eu não queria magoar você.
De todas as formas que encontro de me animar, eu escolho o triângulo. E de todos os modos, prefiro o imperativo. Só não entendo porque ganho um fã a cada dia do ano, e perco um amigo ao mesmo tempo. Queria que o azar não estivesse comigo... Sabe, não sou a pessoa exata para te dar conselhos, mas diz, quanto te custa?
A fórmula do seu sucesso não me interessa. Me diz, quem é você em quarenta e cinco palavras. Isso é o que quero para você perceber que entre todas as coisas, você é a mais estranha e esquisita. Que o seu tipo, não faz meu estilo, e seu estilo, não faz o meu tipo. E por ser tão diferente, é que te visito, mesmo sem te entender.
 

Notes to self Design by Insight © 2009