Ontem eu comecei a ler um livro, se chama 'The Prodigal Daughter'. Eu já estava lendo outro livro e se eu pudesse eu te explicava mais ou menos como é estranho pra mim começar a ler um livro quando eu já estou lendo outro. O fato é que os dois livros são bons, um é de fantasia, que é meu estilo preferido, o outro é um romance sobre poloneses, uma menina diferente e a presidência dos Estados Unidos. Eu gostei, mas não consegui ler, porque aconteceu que eu fiquei esperando... E a espera me prendeu bem aqui onde eu estou agora. Aí eu passei o dia olhando pras coisas e imaginando como eu poderia preencher esses horários que parecem tão vazios enquanto eu espero pra ver se você chega ou não com os pedaços que completam esse quebra-cabeça. Eu comecei o dia brincando com coisas que te surpreenderiam se me conhecesse o suficiente pra entender que aquele ali não era meu lugar, e se não bastasse, fiz o almoço hoje. Aí deitei no sofá, rodei por milhões de canais e decidi que ia ver um programa que eu já gostei um dia, mas não gostava mais, porque outra coisa que me prendesse de verdade era só a espera, e eu sabia disso. Eu não queria. Resolvi os problemas do cabo da minha câmera e até dividi minha atenção com meia dúzia de pessoas com as quais eu sabia que eu perdia tempo, porque abrir espaço pra se sentir sozinha foi uma das coisas que eu percebi que precisava mesmo ser tola pra fazer. Aí quando veio ás cinco, seis horas da tarde decidi que era o momento, eu tinha que me decidir. Ou eu ia me entupir de sentimentos efusivos em algum lugar, ou eu esperaria... E aí eu te vi ali. Foi nesse momento mais ou menos que eu soube que não tinham peças pra você trazer, a gente já tinha montado. E é até legal, acho que forma a figura de um circo. Nós dois estamos ali, lindos, nos enroscando e nos tocando no alto por cordas amarradas por todos os lados, mas logo nos perdemos no chão no meio de todos os acrobatas que tiram o brilho de nós dois por nos tornarmos só mais dois coadjuvantes num show que é bonito e tem que ser assim. Mas não me entenda mal, meus olhares dispersos, minha espera... Nada mais é do que alguém que não sabe encher o corpo de uma sensação-sem-nome e ter que esvaziar logo depois.
E quando acaba nossa peça e você vai embora sem olhar pra trás, eu tenho um pouco de pena por você não acreditar em coisas que não estão nas estatísticas, ou em coisas do coração, ou das verdades que existem nessas 482 palavras que você acabou de ler... Mas eu sei que você entende, porque essa é a única certeza que eu encontro em 'todos os você' que eu já conheci.
Então eu fiquei esperando, esperando porque eu precisava ouvir você dizer que eu não precisava ter medo, que todo aquele nosso passado ainda existe e todo aquele silêncio não quebrou o que existe entre nós dois. Tô aqui esperando, lendo e relendo, porque eu tinha esquecido quanto era bom quando eu desligo o mundo e resta só eu e você.
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