sábado, 9 de março de 2019

Formato

O mundo tá cheio. O mundo tá cheio de gente. Desesperador. Ontem eu menti que não sabia o que era desespero. Eu não gosto de gente louca demais. Eu gosto das exceções. Medo. Eu admito. Eu não quero dizer nada pra você. Eu to ficando louca. O mundo tá louco. O mundo tá cheio de tecnologia. Eu gosto mais de sensações. Tenho alguns dois ou três amigos. Eu gosto de você. Eu durmo sonhando com partes que eu não tenho. Resposta. Dois mais dois são vários. Abraços. Braços que seguram. Um alguém que não existe. Solto. Um por quê que anda perdido. O mundo tá cheio de por quê. A vida pergunta a pergunta. Sozinha. O ciclo gira porque ele tem que girar. O mundo para porque não quer mais andar. A gente se engana porque não quer mais e só. E viva o espaço. Qualquer espaço que empresta o peito porque não cabe mais no que se tem. O mundo tá cheio de finais tristes. Triste está o que não existe. Eu quero que exista... Eu quero. Quero e fim.

Logo eu, que tinha que ser eu mesma? Chapter one. (and probably the only one)

Medíocre. Fraco, razoável, regular, sofrível, SUFICIENTE. Ordinário, entendido como normal, e não num contexto brasileirístico de associar ordinário à desprezível. Desprezível. Regular, vulgar. Passível. Drama, flagelo, infortúnio. Muita aflição, angústia, ânsia, muita ânsia de não se sabe o que, mágoa, pena, pesar. E espera. E expectação, e expectativa. E confiança, crença. Mais fantasia, ilusão, sonho. Ironia. Contudo, ela não atribuía seus adjetivos a nenhuma causa específica, porque a vida era mais que a soma de todas as coisas, não eventos únicos e dissemelhantes que não contribuíam signitivamente para o todo maior que ela chamava de "eu". Decidiu-se for fim que era ausente, uma ausência que ia além do espaço físico tomado, era uma ausência dela mesma. Quando pensava em si mesma, era com total desprendimento do conteúdo. Como quando eu decido: vou ao parque ler um livro. Me imagino pegando um livro na estante, uma toalha, e enfiando numa bolsa grande, com uma garrafinha de água. E me imaginando dando passos pra chegar até lá, e encho minha cabeça com possíveis diálogos e as prováveis coisas que vou pensar no caminho. Penso sobre o que pensar e me perco no desarranjo das idéias dentro da cabeça. Ela se imaginava de cima, como se o próprio íntimo estivesse se escondendo. Lá ia ela, acompanhando ela mesma, assistindo a vida que era pré-moldada e que ela era incapaz de retomar.
 

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