sábado, 8 de janeiro de 2011
E eu bem quis ser esse tanto de coisas que nós sonhamos, mas meus desejos ficaram reclusos na espera longa. Culpa do mundo, diria ela.
Me acostumei a ser sozinha. Sozinha nas cartas que escrevo, sozinha nos desejos, sozinha da vida, sozinha em cada sonho que sonho.
E a espera estranha por algo sem nome aqui fica. Como eu posso te dizer o que quero se o que eu quero são doces, curvas, cores e trilha sonora demais? Esse chão testemunhou meu desespero nos passos apressados e nas lágrimas perdidas, então não me olhe com essa sua cara inquisidora, meu ritmo foge do teu porque meu desejo de viver sempre intenso não aceita pouco. Pouco me enlouquece, não vê?
Nesse mundo preso dentro de mim, planejo pessoas, diálogos, caminhos, refaço muitas das coisas que já existem aqui perto de mim e me perco numa realidade doce, eu não quero voltar pra ser o que tu e tantos querem.
Meu eu vai caminhando assim sentindo e fazendo poesia, cheio de lágrimas por fora, intensamente feliz por dentro.
sábado, 4 de dezembro de 2010
E eu nem sei se essa síndrome de Peter Pan me incomoda.
Pelo menos foi desse meu jeito atípico que camuflei as esperas mais longas e cruéis da minha vida. Vai ver foi esse o meu mecanismo utilizado para que tudo doesse menos e por menos tempo. Pra manter ainda disposto o coração.
O que de fato perturba é ter ainda a sensibilidade de uma criança. E o pior, junto de uma bagagem e a visão real do que é o mundo hoje.
Eu sofro demais com os animais abandonados e tenho a infeliz consciência de que salvar um só não irá resolver.
Eu simplesmente não me contextualizei na matéria de cegar certos sentimentos que a modernidade tanto exigiu. Pra mim é complicado entender que esmola não se dá e que grande parte da sociedade hoje não tem as mesmas chances que eu. E que palavra ridícula é essa chamada de sociedade!
Talvez eu tenha estagnado no tempo pelo fato de que sendo criança eu era maior que tudo. E eu podia salvar o mundo salavando a asa de um passarinho. E eu podia também dormir em paz dividindo apenas o saco de pipoca com o "menino de rua". E era mais fácil quando eu não entendia o porquê de tanta gente dormir na rua em dias que faziam tanto frio.
Com 22 anos eu acho horrível o meu discernimento. E não sei ainda e o difícil é crescer ou compreeender.
Então eu prefiro ficar assim, a banalizar o que pra mim não é aceitável. E recuso-me a ler em jornais e noticiários casos de homicídios, balas perdidas e miséria como se fossem meros classificados.
É sim a recusa pelos meus dias, pelo meus tempo, dessa minha infeliz história.
Que se danem os meus testes psicológicos! Eu vou estar na casa dos 60 com os mesmos fortes traços de infantilidade, desenhando botões coloridos em blusas e me sentindo insegura diante de um mundo em que sou uma estranha.
E que Deus me permita permanecer estranha em um mundo que se tornou tão estranho.
Fernanda Gava
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Das coisas que eu já não preciso
Postado por Ju às 6:52 PM 0 comentáriosDeixo aqui, portanto, a frase que tanto repito, e já não sei mais como entono, em torno disso que fantasio:
Quero você.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Das coisas que eu odeio
Postado por Ju às 8:51 AM 0 comentáriosOdeio essa aceitação de coisas inaceitáveis, odeio hipocrisia, odeio a facilidade com que as pessoas definem e mudam seu caráter, seus valores, sua opinião. Odeio a falta de bom senso, a conivência com tudo que é errado, eu odeio a degradação da educação e valores que a mídia promove, eu odeio a porra da democracia onde todo mundo vota, a porra de uma nação desorientada, onde uma pessoa sem estudo e alcóolatra se torna líder, eu odeio ver a corja se tornar heróis nas bocas que passam por aí. Eu odeio o silêncio dos que tem muito a dizer e odeio meu próprio silêncio. Odeio o ódio a coisas banais. Odeio a falta de escola, odeio a preguiça e a inveja. Não odeio a vaidade e a gula. Odeio o egoísmo, o egocentrismo, odeio a injustiça. Odeio quem só reclama de impostos absurdos e não cobra os serviços públicos. Odeio quem se manifesta pela morte, odeio quem não se manisfesta pela ética. Odeio violência. Odeio quem machuca os outros.
E se tem uma coisa que eu realmente odeio, é pecar também.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
De dias ou anos
Postado por Ju às 6:36 PM 0 comentáriosMas agora nós sabemos. E se agora eu quiser ser feliz? E se eu quiser acordar um dia e querer dividir isso com outro? Terei que ouvir novos cantores, mudar meu gosto musical para não ver você empreguinado nesse meu novo hipotético parceiro!
Vou ter que explicar coisas que você entende naturalmente.
Vou passear pelo shopping esbarrando em outras pessoas que amarrotam meu vestido e não trocariam mais de 20 palavras dignas de um eu e você.
Seríamos "nós" a única chance de não ser feliz sozinho?
Não ligue pra o que eu digo e muito menos ligue pra mim. Não decore o meu número. Mas não vai pra essa porra de guerra, para de fazer guerra. Porra, quem vai cuidar de mim? Não é de outra que você precisa cuidar... Ou dê a deixa pra te inventar um outro nome que não te traduza mais.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Com o aumento da nossa estima, providenciei também uma mudança na nossa baixa estimativa. Nesse tempo, você tomou cinco por cento de mim. O que é pouco, evidentemente, mas por motivos que eu ainda desconheço. Mas nada que não exponenciássemos a melhores nove vírgula um na última noite.
Antes do final do ano, atingiríamos a metade de mim, e o quão antes pudéssemos, você seria tanto, que por direito, portanto, seria o amor da minha vida.
Queria eu ter escrito isso em mais-que-perfeito, ao invés da imperfeição do que agora significa estes imprecisos números que você representa.
domingo, 16 de maio de 2010
How my girl makes me feel
Postado por Ju às 5:26 PM 0 comentáriosEu queria que você fosse uma atriz hollywoodiana, pra gente ter fama, glamour e riqueza. Assim eu cagava pra sua mãe, pra você, pra essas pessoas na rua, pros nossos amigos, pro álcool, pras palavras, pro cheiro mórbido que exala de tudo que te rodeia. Eu vejo os holofotes em cima de você, enquanto você diz pra todo mundo quanto amor você tem guardado e se surpreende as 12 vezes ao dia com meu jeito de ser. Eu escuto sua voz agora mesmo, dói tanto que me sinto com ouvidos de cachorros desesperados e você apitando com toda a sua força, fazendo esse som filho da puta que só você faz.
Então, larga mão desse negócio de different outlook, porque eu nunca vou mudar, ou você me aceita como eu sou, ou a gente aprende a dizer não.
domingo, 25 de abril de 2010
Ah, se pudesse certamente concretizaria em estar o seu não-ser nos entraleces das minhas pernas, no falecer da respiração dos meus pulmões e no passeio das artérias, pois já é minha alma o seu estado de graça. E a minha vida um dilema antigo no qual ser e não estar é minha grande questão...
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Pra quem se foi
Postado por Ju às 7:04 PM 0 comentáriosDeve haver um momento que eu vou cruzar com você e vou te dizer exatamente isso: dessa vez, pelo menos dessa vez, não vai. Mas não pude, me enrolei na verdade, que é mais dispensável que você.
E por isso que não há muito tempo atrás me senti úmida, porque o mar de você que existe dentro de mim te queria. Te queria exatamente como há quatro anos atrás e eu achei que tivesse morrido, te queria exatamente como há dois anos atrás e eu achei que tivesse morrido, mas viveu, porque as ondas de você demoram pra chegar e vem desmontando todas as barreiras que eu já criei pra ti, mas você só passa e se vai.
E mesmo te querendo assim, não me incomoda nenhum pouco estar longe de você e não te ter na minha cama, porque você me ensinou que é totalmente dispensável.
As ligações que você fazia hora ou outra, me deixavam feliz, mas eram totalmente dispensáveis. Os seus pedidos, instigantes, mas totalmente dispensáveis. As suas vontades, totalmente dispensáveis.
E mesmo assim, eu escrevi esse texto justamente pra isso: não vai. Não enquanto eu quero que você seja assim, indispensável.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Nosso circo
Postado por Ju às 6:50 PM 0 comentáriosE quando acaba nossa peça e você vai embora sem olhar pra trás, eu tenho um pouco de pena por você não acreditar em coisas que não estão nas estatísticas, ou em coisas do coração, ou das verdades que existem nessas 482 palavras que você acabou de ler... Mas eu sei que você entende, porque essa é a única certeza que eu encontro em 'todos os você' que eu já conheci.
Então eu fiquei esperando, esperando porque eu precisava ouvir você dizer que eu não precisava ter medo, que todo aquele nosso passado ainda existe e todo aquele silêncio não quebrou o que existe entre nós dois. Tô aqui esperando, lendo e relendo, porque eu tinha esquecido quanto era bom quando eu desligo o mundo e resta só eu e você.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
O mundo é dividido entre os que sentem o que gostariam (e não o que sentem) e os que não sentem mais e ufa, melhor assim. E no meio dessa merda toda, de vez em quando, aparece alguém de verdade. E apareceu, o cara dos desenhos, o cara dos desenhos. O cara dos uivos e pulos e rabiscos e jeito de olhar que dá vontade de uivar e pular e rabiscar. E eu senti bater no fundo, um murro, um tapa na cara no estômago. Esse cara tá aqui. Temos aí um ser humano em plena atividade de estar vivo e ser ele próprio. Essa espécie em extinção chamada pessoa, ou gente, ou cara. O cara dos desenhos.
Escolhi a tela do demônio do bem. Se o mundo fosse trilogia francesa ou pornochanchada brasileira, ele viria entregar o quadro de jardineira jeans e faríamos amor até essa minha cama vagabunda expulsar os gaveteiros que mamãe desenhou pensando na praticidade de uma casa pequena. Mas como a vida é chata, vou me contentar em dormir abraçada com o seu demônio do bem, sonhando com o dia que você vai olhar de novo tão profundamente pra mim que até ter pele me soou um desacato.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Até que gosto de você
Postado por Ju às 7:53 AM 0 comentáriosDe todas as formas que encontro de me animar, eu escolho o triângulo. E de todos os modos, prefiro o imperativo. Só não entendo porque ganho um fã a cada dia do ano, e perco um amigo ao mesmo tempo. Queria que o azar não estivesse comigo... Sabe, não sou a pessoa exata para te dar conselhos, mas diz, quanto te custa?
A fórmula do seu sucesso não me interessa. Me diz, quem é você em quarenta e cinco palavras. Isso é o que quero para você perceber que entre todas as coisas, você é a mais estranha e esquisita. Que o seu tipo, não faz meu estilo, e seu estilo, não faz o meu tipo. E por ser tão diferente, é que te visito, mesmo sem te entender.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Irreal
Postado por Ju às 8:47 PM 0 comentáriosE é que eu gosto da sua cor meio amarelada e dos óculos, acho simpático o seu esforço de ser um homem sarado, já que não vejo muito sucesso, mas não tem nada mais bonito do que suas costas finas.
E aí você se joga elegantemente na cama, com uma cueca feia com cor de asfalto e eu babo como se você fosse o melhor homem do mundo, e inatingível.
E eu que fui acordar justamente do teu lado, rogando pra quem fosse pra eu voltar a ter aquela cara que eu tinha quando você resolveu me levar pra tua casa. E você se duvidar nem com bafo acordou.
Fico imaginando que você é um daqueles caras que podem me contar vários segredos do mundo, mas você fica quieto, com preguiça, olhando da forma mais bonita que já olharam pra mim e vai embora.
E eu quase voltei e implorei pra me carregar junto pra qualquer coisa que você tivesse que fazer... Mas não vou, porque eu não tenho coragem de você.
Duas horas depois eu fui almoçar com um sorriso bobo e quando a moça me perguntou o que eu queria comer, eu disse seu nome. E eu fiquei com vergonha e até quis dar uma explicação pra ela, não gosto de parecer louca, iria dizer que eu estava apaixonada por você hoje porque você é feliz, feliz como eu jamais serei. E as pessoas te adoram, e você gosta de coisas tão simples, e eu queria ficar achando que essa vida é um barato mesmo só porque hoje tinha macarrão com queijo no almoço.
E eu sei que se a gente um dia casasse, nossa casa ia ser bonita e feliz, com leite ninho no armário, amaciantes Fofo, pão fresquinho da padaria com manteiga derretendo em cima, igual casa feliz de propaganda. E volta e meia eu ia enlouquecer por ser tão feliz e ia me enfiar em alguma tristeza, mas aí eu imagino que você vai me levar passear numa tarde de outono, com folhas laranjas e vermelhas caindo no chão como nos filmes, e vai me dizer que viver é lindo, e eu vou acreditar. E eu não vou ter problemas em ser eu mesma com você, então as coisas não podem dar errado ou acabar, e aí então eu poderia finalmente pesar teu corpo sobre o meu.
Mas isso é só o que eu penso, enquanto você esquece. Daqui uns dias passa...
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Bobur
Postado por Ju às 7:03 PM 0 comentáriossexta-feira, 30 de outubro de 2009
Mal vindo
Postado por Ju às 9:21 AM 0 comentáriosquinta-feira, 22 de outubro de 2009
Hehehe
Postado por Ju às 8:41 PM 0 comentáriosAcabei de ver Santiago, o documentário, e tive um acesso de choro daqueles. Ele escreveu sobre toda a aristocracia do mundo e isso arrasou comigo, amor. Arrasou. Ele era o garçom das festas, que você chorava. Uma pessoa que servia feliz a uma beleza triste. E no final, não sei se você viu o filme, mas ele quis contar algo pessoal e apressaram ele, cortaram, o que ele realmente queria dizer não tinha importância. E quase, quase quis te pedir um favor. Mais uma das minhas ideias. Pra você, por alguns minutos, só enquanto eu chorava demais, pra você fazer de conta que abismos não existem. E não existem mesmo, nesses segundos descabidos das horas que não entram no dia. Porque agora, nesse segundo que corri aqui pra te escrever, nesse momento não existe essa coisa de dia e de dois meses exatos. Existe só que vamos todos morrer então pra que mesmo o orgulho de sair ileso mais um dia. Mais um dia ileso. Como se não fosse cheios de feridas que raspamos com as costas das mãos as nossas roupas de guerra e dormimos em paz.
Outro dia tive uma ideia. A cada doze dias, perto das onze horas da noite, eu chegaria sem dizer nada e você também não poderia dizer nada. E então a gente só ficaria se lambendo um pouco. E aqui não tem nada de erótico não, é bonito isso que eu quero dizer. E depois acabava mesmo. E a cada doze dias de novo. E isso seria um contrato já que meu doentinho daqui da cabeça quer tanto. Pro resto da vida. E tudo bem pra você, vai. Sim, seria um contrato, mas olha que maravilha os outros doze dias sem nada. E seria só por uma hora. Então, tudo bem. Acho que você assinaria.
Hoje eu estava no estacionamento do aeroporto e fiquei seguindo as plaquinhas de saída e vi que é isso que faço melhor do que ninguém. São tantas as coisas que eu queria te falar e contar. E eu sigo fantasiando que você entende tudo e melhor que todo mundo. E isso acaba comigo mas, ao mesmo tempo, me tira um pouco da chatice burra e apática de sempre. E então, me vem a ideia de realmente te contar as coisas. E por isso escrevo. Porque se você entra aqui pra ler é você que, com todo o meu amor que você nem imagina, consegue sentir como sendo seu. E então é mesmo essa coisa maluca de eu me livrar do que eu nem sei se sinto pra você, sem nem saber se sente, sentir o que já estava aí esse tempo todo. A troca do absurdo. Nisso trocamos. O absurdo.
Hoje eu perguntei a um amigo. Você era feliz com ela? E ele disse: eu era muito feliz com ela. E muito triste. Sem ela eu não sou nem uma coisa e nem outra. Eu sorri e disse pra ele: eu prefiro a vida assim. Ele disse: prefere mesmo? Eu disse, comendo um pão de queijo: não, não prefiro, mas pelo menos, assim, eu consigo estar aqui com você pesando mais de quarenta quilos.
São, sei lá, duas e pouco da manhã. Passo boa parte de tudo sem doer, sem sentir tão forte. Às vezes nem parece que aconteceu. Mas o tempo todo, ainda, converso e te mostro tudo, o tempo todo. O tempo todo. O tempo todo. Não porque sou sozinha. Não porque era menos sozinha com você. Apenas porque apenas.
Lê pra mim um texto. Com a luz apagada. Quando alguém liga eu fico cheia dos risinhos idiotas porque tiro sarro de quem tenta falar algo e não sai como sairia se fosse você. O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer assim: gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar. E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Mas olha, ainda assim, olha eu aqui de novo. Porque você não é melhor que a minha imaginação, você não é melhor que a minha esperança, você, pra falar a verdade, é bem ruinzinho.
Mas é isso. Um filme com o maluco do fraque e das castanholas me emociona e pronto. O boneco salta da caixinha e espanca meu peito com cabeçadas duras e olhar macabro. A hora que não entra no dia. E eu mais uma vez preferindo não sair ilesa pra me sentir menos machucada.
Você pode, a cada doze dias, ler um texto, a língua, brincar do não abismo, qualquer coisa, só ler, continuar assim, só ler, não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Silêncio
Postado por Ju às 9:47 PM 0 comentáriosÁs vezes eu procuro nos meus cadernos velhos sobras de tudo que eu queria ter dito, vejo páginas arrancadas e me lembro das coisas que eu disse e ninguém ouviu, e a medida que eu fui trocando, vejo que o silêncio foi ficando mais intenso, e as páginas em branco passaram a ser mais recorrentes.
O silêncio, o maldito silêncio que eu odiava nas pessoas, que me fazia achar que elas eram vazias porque não gritavam pro mundo a porra da insatisfação que elas sentiam, que me fazia achar que elas eram frias porque quem em sã consciência iria ver o amor fugindo e não lutaria, essas pessoas que eram silenciosas demais, esse silêncio que acabou tomando conta de mim e me faz esconder das pessoas o tamanho de tudo que tem dentro de mim, e eu tenho vontade de falar tanta coisa, mas é assim que é, dolorido e solitário ser gente.
domingo, 16 de agosto de 2009
Outra vez
Postado por Ju às 11:28 AM 0 comentáriosForam esses anos que me mostraram que eu não era dona da culpa. A minha vontade de buscar mais e mais felicidade nunca foi pequena, então nunca coloquei limites nos meus pés pra ir atrás dela... Eu já nasci acompanhada da lição de vida, ela me deu muita porrada e me disse que não era pra eu me acostumar com o que é pouco, então eu cavo na procura de mais, pra poder me fazer inteira. Meu único medo é ter medo de correr o risco, de perder minha coragem, de me sentar e aceitar que não deu certo. Eu nunca tive vergonha de sofrer, tenho vergonha é de aceitar qualquer coisa, o pequeno, de esquecer de cuidar da mulher que cresce dentro de mim.
Então ontem eu estava quebrada, hoje eu junto os pedaços e amanhã eu coloco a mochila nas costas mais uma vez.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Absurdo
Postado por Ju às 11:17 PM 0 comentáriosVocê queria me comprar porque eu parecia um sonho, porque eu era teu filé, e como já era tarde, disse que tudo bem. Você me colocou na mesa pra ceia e micumia. Eu te falava “para que dói, mozinho” e você me dizia “não fódi”. E eu virando suquinho dentro de você, brincando de tobogã no teu esôfago, afogando a batata no estômago, e você gritava “ai que delíííícia de mulher”. Aí você me acomodou na sua cama, me deixou quentinha, me deitou de lado e dizia que nunca teve um gostinho melhor... No dia seguinte você correu pro banheiro me largar e falou “ui pra você”.
E hoje eu to aqui, largada, junto com tantos outros “sonhos”, “filés”, “corações” e “docinhos de côco”, tentando não esquecer que a cadeia alimentar é um ciclo, implorando pra esquecer que pra você eu dei a carne de primeira.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Gente pequena
Postado por Ju às 11:00 PM 0 comentáriosE depois de tudo isso, eu me escondo embaixo das cobertas, depois de deixar pelo menos a tv ligada, e dou uma rezadinha pra nenhum monstro sair de algum canto, converso com meu urso de abraçar que por favor não me deixe mijar na cama dessa vez e fujo da realidade criando histórinhas que só fazem sentido na minha cabeça... Eu ainda quero ter 5.