Você queria me comprar porque eu parecia um sonho, porque eu era teu filé, e como já era tarde, disse que tudo bem. Você me colocou na mesa pra ceia e micumia. Eu te falava “para que dói, mozinho” e você me dizia “não fódi”. E eu virando suquinho dentro de você, brincando de tobogã no teu esôfago, afogando a batata no estômago, e você gritava “ai que delíííícia de mulher”. Aí você me acomodou na sua cama, me deixou quentinha, me deitou de lado e dizia que nunca teve um gostinho melhor... No dia seguinte você correu pro banheiro me largar e falou “ui pra você”.
E hoje eu to aqui, largada, junto com tantos outros “sonhos”, “filés”, “corações” e “docinhos de côco”, tentando não esquecer que a cadeia alimentar é um ciclo, implorando pra esquecer que pra você eu dei a carne de primeira.
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