quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

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Tanta gente nesse mundo é enganação, pare pra pensar, de verdade: quem é que é alguma porra realmente? O mundo é dividido entre os que fazem encenação, que dá aí uns bons oitenta e cinco por cento (procure por aí, as pessoas em festa como se cada movimento fosse um clique de foto, o jeito de sentar milimetricamente calculado para nada querer dizer, procure, tantas poses com a bebida na mão e o cigarro na outra, procure por aí os olhares misteriosos, se dando uma importância transcendental com o charme de não aparentar nenhuma, os saltos, os jogos de tortura mental, ligo na terça pra dar tempo dela sentir falta na segunda, sair por cima é a única saída, procure, são tantos os tipos, eruditos preenchidos do sentir externo, felizes de morrer, tristes de matar, artistas papagaios, piadistas sem humor próprio, “autênticos” em série, tudo fruto de ensaio, tudo fruto de frase pronta ou sensação copiada) e os que simplesmente desistiram da vida toda (os que vagam semi mortos, não se importam mais com machucados, cartas, barulhos de chuva e músculos, não se preocupam com o que vão dizer ou pensar ou causar ou carregar, foda-se, que venha a morte mas antes se der pra gozar só mais uma vez, só mais uma vez, de barrigada ou caridade, é o princípio dos alcoólicos anônimos só que pra parar de morrer: só mais um dia vivendo. Os que não vivem quase enganam que são de verdade, com seus panos e movimentos e bens igualmente abandonados, mas ser de verdade sem “estar” não vale muito, pense bem.).
O mundo é dividido entre os que sentem o que gostariam (e não o que sentem) e os que não sentem mais e ufa, melhor assim. E no meio dessa merda toda, de vez em quando, aparece alguém de verdade. E apareceu, o cara dos desenhos, o cara dos desenhos. O cara dos uivos e pulos e rabiscos e jeito de olhar que dá vontade de uivar e pular e rabiscar. E eu senti bater no fundo, um murro, um tapa na cara no estômago. Esse cara tá aqui. Temos aí um ser humano em plena atividade de estar vivo e ser ele próprio. Essa espécie em extinção chamada pessoa, ou gente, ou cara. O cara dos desenhos.
Escolhi a tela do demônio do bem. Se o mundo fosse trilogia francesa ou pornochanchada brasileira, ele viria entregar o quadro de jardineira jeans e faríamos amor até essa minha cama vagabunda expulsar os gaveteiros que mamãe desenhou pensando na praticidade de uma casa pequena. Mas como a vida é chata, vou me contentar em dormir abraçada com o seu demônio do bem, sonhando com o dia que você vai olhar de novo tão profundamente pra mim que até ter pele me soou um desacato.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Até que gosto de você

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Até que gosto de você e acho interessante. Penso até que te acho mais interessante do que gosto de você, mas não entendo esse teu jeito de ser me impedindo de estar. Estou bem, não precisa se preocupar, eu não estou feliz, é verdade, mas não estou triste também. Desculpa o away, eu não queria magoar você.
De todas as formas que encontro de me animar, eu escolho o triângulo. E de todos os modos, prefiro o imperativo. Só não entendo porque ganho um fã a cada dia do ano, e perco um amigo ao mesmo tempo. Queria que o azar não estivesse comigo... Sabe, não sou a pessoa exata para te dar conselhos, mas diz, quanto te custa?
A fórmula do seu sucesso não me interessa. Me diz, quem é você em quarenta e cinco palavras. Isso é o que quero para você perceber que entre todas as coisas, você é a mais estranha e esquisita. Que o seu tipo, não faz meu estilo, e seu estilo, não faz o meu tipo. E por ser tão diferente, é que te visito, mesmo sem te entender.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Irreal

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... quando eu te vejo. E aí eu ligo pra todas as minhas amigas e elas já sabem, pelo meu tom de voz. Eu estou feliz por ele se emprestar pra me fazer sentir por um ou dois dias que é paixão que nasce em mim de novo.
E é que eu gosto da sua cor meio amarelada e dos óculos, acho simpático o seu esforço de ser um homem sarado, já que não vejo muito sucesso, mas não tem nada mais bonito do que suas costas finas.
E aí você se joga elegantemente na cama, com uma cueca feia com cor de asfalto e eu babo como se você fosse o melhor homem do mundo, e inatingível.
E eu que fui acordar justamente do teu lado, rogando pra quem fosse pra eu voltar a ter aquela cara que eu tinha quando você resolveu me levar pra tua casa. E você se duvidar nem com bafo acordou.
Fico imaginando que você é um daqueles caras que podem me contar vários segredos do mundo, mas você fica quieto, com preguiça, olhando da forma mais bonita que já olharam pra mim e vai embora.
E eu quase voltei e implorei pra me carregar junto pra qualquer coisa que você tivesse que fazer... Mas não vou, porque eu não tenho coragem de você.
Duas horas depois eu fui almoçar com um sorriso bobo e quando a moça me perguntou o que eu queria comer, eu disse seu nome. E eu fiquei com vergonha e até quis dar uma explicação pra ela, não gosto de parecer louca, iria dizer que eu estava apaixonada por você hoje porque você é feliz, feliz como eu jamais serei. E as pessoas te adoram, e você gosta de coisas tão simples, e eu queria ficar achando que essa vida é um barato mesmo só porque hoje tinha macarrão com queijo no almoço.
E eu sei que se a gente um dia casasse, nossa casa ia ser bonita e feliz, com leite ninho no armário, amaciantes Fofo, pão fresquinho da padaria com manteiga derretendo em cima, igual casa feliz de propaganda. E volta e meia eu ia enlouquecer por ser tão feliz e ia me enfiar em alguma tristeza, mas aí eu imagino que você vai me levar passear numa tarde de outono, com folhas laranjas e vermelhas caindo no chão como nos filmes, e vai me dizer que viver é lindo, e eu vou acreditar. E eu não vou ter problemas em ser eu mesma com você, então as coisas não podem dar errado ou acabar, e aí então eu poderia finalmente pesar teu corpo sobre o meu.
Mas isso é só o que eu penso, enquanto você esquece. Daqui uns dias passa...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Bobur

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Só você pra me salvar da rebeldia. Hoje eu queria voltar no tempo, entrar por aquela porta sozinha e te salvar, nem que fosse só um pouquinho, porque ninguém sabe da dor que eu sinto de ter te deixado ir embora doendo mais do que quando veio... Já faz tanto tempo, mas eu me lembro das coisas doces, das palavras bonitas. Eu lembro do teu anseio por um pedaço de mim que eu não podia dar, e acredite, eu sinto muito. Eu sinto saudade das tuas ligações compridas no meio da noite e de todas as conversas que eu só podia ter com você... Eu leio todo aquele livro tantas vezes e eu me questiono por que me dar tantas coisas que eu nunca pude te dar. E me consome, porque eu não pude te dar nada além de feridas que demoram a cicatrizar, e não digo isso porque o amor machuca, porque como você citou naquela carta de resiliência, "El amor é simple e a las cosas simples las devora el tiempo", é por naquele momento ter dito e feito coisas que a gente não faz com quem gosta. E mesmo depois de tantos anos, eu ainda te tenho na memória, você me tornou uma pessoa melhor, e hoje, que eu venho te dizer obrigada, porque só pra você que eu ainda sinto vontade de dizer tantas coisas, que você vai dar sentido. Quando eu te conheci, eu descobri que quando eu falo com outros, persiste ainda um enorme silêncio dentro de mim.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mal vindo

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Não tenho idéias brilhantes pra um novo começo, pensei que talvez você pudesse me ajudar, me conta um pedaço da tua vida ou dois. Já passou do meio dia, eu desperdicei 12 horas, o que eu faço com as próximas 12? Não faz tempo que eu vi você deixando um bilhetinho, escrito que tinha planos. Que planos são esses? Eu tô tão cansada, se ao menos eu pudesse dormir... Dá uma passada aqui, eu estou sempre aqui, vem me ver, mata uma horinha do meu dia? Um almoço, um café, me conta até aquela história chata do seu amigo que você adora contar. Eu sei do que você gosta, vem ouvir que 'springtime can kill you' until you get sleepy. Quem sabe a gente pode dormir junto, essa coisa de calor humano e proteção me faz perder o medo que eu sinto das coisas perigosas que podem aparecer a noite... Essas vozes, essas malditas vozes! Você entende o que eu quero dizer? Elas não me dizem nada. Pelo menos me digam alguma coisa, 4, 5 horas da manhã não é hora de não-suicida ligar pra CVV, tô tão amiga da Ana Maria que ela já me chama por um apelido. Eu acho que a Ana Maria pinta o cabelo de um vermelho escuro, eu não confio em pessoas de cabelo vermelho escuro, mas as vozes ficam me falando que não é verdade, e eu acredito. Falando nisso, você se lembra que eu não acreditava? Essa vida toda me esvaziou, tô até aceitando o que essas vozes me falam. Me fala alguma coisa, me fala alguma coisa gostosa pra eu acreditar? Não sei bem como pode ser, diga que algodão doce não engorda, que pintar as unhas de verde é chique, que tudo bem se eu começar a me drogar ou beber pra eu esquecer que tem 24 horas no mesmo dia. Eu esqueci de pelo menos 14 minutos até aqui escrevendo pra você, porque eu tenho dessa coisa de apagar e escrever de novo, não uma coisa nova, mas a mesma coisa, porque sei lá o que acontece com meus dedos que ás vezes escrevem o errado sem escrever. Você se lembra daquele dia que você me contou o que fazia pra se sentir melhor? Me conta de novo, porque hoje até quero ouvir teu egocentrismo dominar minha atenção. Hoje eu vou viajar, não sei que horas, não sei como vai ser, e isso consome algumas horas. Pelo menos eu sei como vão ser algumas horas, dessas próximas 12 horas. Eu não queria te contar essa parte, me boicotei, eu queria insistir até você dizer que viria, mas não pense! Não pense porque pensar vai fazer você pensar que talvez eu gosto de você, mas eu sinto um pouco de nojo. Você tem um cheiro esquisito, tem muitas espinhas. Eu não gosto de pessoas em processo de crescimento, quando isso vai parar? Eu to na onda de pessoas que só se conformam que os peitos e o pinto não vão crescer mais. Os meus não vão crescer mais, então acho que eu não quero ficar me preocupando se meus peitos vão ser proporcionais ao seu pinto. Não querendo fazer nenhuma lógica dentro disso, tenho pai italiano, mãe austríaca, não tenho talento pra espanhola... Mas até que seria uma boa pras próximas 12 horas. Não, não com você... Nem com ninguém, afinal de contas ninguém se conforma com o tamanho do pinto ou do peito, e eu não quero ter algum tipo de relacionamento. Mas se você quiser ainda vir aqui, vem aqui, vem aqui pra matar pelo menos uma horinha, já disse. Mas se não quiser não vem também, fica aí bonitinho, que eu fico aqui, matando minhas 12 horas pensando que eu tive um tanto de sorte no dia. Ver você tá longe de ser uma atividade gostosa, eu só quero te ver porque não tem ninguém pra ver, então como eu sei que você é vingativo, daqui 15 minutos eu abro lá o portão da frente. Se eu não estiver aqui, senta no sofá, liga a TV, que minha mãe precisa que eu vá no mercado.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Hehehe

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A ideia de hoje foi te pedir um favor. Eu escolheria algum texto que gosto muito e você leria pra mim. Sem oi, sem tchau, sem coisas feitas ou a fazer. Nada de você, nada da sua vida. Nada que constate a sua existência independente. Apenas a sua voz. Esse é só um dos absurdos que passam pela minha cabeça quando me salta você no peito. Como se meu coração fosse uma dessas caixinhas surpresas e você o boneco de mola pra assustar crianças. Elas se assustam mas riem e abrem de novo e de novo.
Acabei de ver Santiago, o documentário, e tive um acesso de choro daqueles. Ele escreveu sobre toda a aristocracia do mundo e isso arrasou comigo, amor. Arrasou. Ele era o garçom das festas, que você chorava. Uma pessoa que servia feliz a uma beleza triste. E no final, não sei se você viu o filme, mas ele quis contar algo pessoal e apressaram ele, cortaram, o que ele realmente queria dizer não tinha importância. E quase, quase quis te pedir um favor. Mais uma das minhas ideias. Pra você, por alguns minutos, só enquanto eu chorava demais, pra você fazer de conta que abismos não existem. E não existem mesmo, nesses segundos descabidos das horas que não entram no dia. Porque agora, nesse segundo que corri aqui pra te escrever, nesse momento não existe essa coisa de dia e de dois meses exatos. Existe só que vamos todos morrer então pra que mesmo o orgulho de sair ileso mais um dia. Mais um dia ileso. Como se não fosse cheios de feridas que raspamos com as costas das mãos as nossas roupas de guerra e dormimos em paz.
Outro dia tive uma ideia. A cada doze dias, perto das onze horas da noite, eu chegaria sem dizer nada e você também não poderia dizer nada. E então a gente só ficaria se lambendo um pouco. E aqui não tem nada de erótico não, é bonito isso que eu quero dizer. E depois acabava mesmo. E a cada doze dias de novo. E isso seria um contrato já que meu doentinho daqui da cabeça quer tanto. Pro resto da vida. E tudo bem pra você, vai. Sim, seria um contrato, mas olha que maravilha os outros doze dias sem nada. E seria só por uma hora. Então, tudo bem. Acho que você assinaria.
Hoje eu estava no estacionamento do aeroporto e fiquei seguindo as plaquinhas de saída e vi que é isso que faço melhor do que ninguém. São tantas as coisas que eu queria te falar e contar. E eu sigo fantasiando que você entende tudo e melhor que todo mundo. E isso acaba comigo mas, ao mesmo tempo, me tira um pouco da chatice burra e apática de sempre. E então, me vem a ideia de realmente te contar as coisas. E por isso escrevo. Porque se você entra aqui pra ler é você que, com todo o meu amor que você nem imagina, consegue sentir como sendo seu. E então é mesmo essa coisa maluca de eu me livrar do que eu nem sei se sinto pra você, sem nem saber se sente, sentir o que já estava aí esse tempo todo. A troca do absurdo. Nisso trocamos. O absurdo.
Hoje eu perguntei a um amigo. Você era feliz com ela? E ele disse: eu era muito feliz com ela. E muito triste. Sem ela eu não sou nem uma coisa e nem outra. Eu sorri e disse pra ele: eu prefiro a vida assim. Ele disse: prefere mesmo? Eu disse, comendo um pão de queijo: não, não prefiro, mas pelo menos, assim, eu consigo estar aqui com você pesando mais de quarenta quilos.
São, sei lá, duas e pouco da manhã. Passo boa parte de tudo sem doer, sem sentir tão forte. Às vezes nem parece que aconteceu. Mas o tempo todo, ainda, converso e te mostro tudo, o tempo todo. O tempo todo. O tempo todo. Não porque sou sozinha. Não porque era menos sozinha com você. Apenas porque apenas.
Lê pra mim um texto. Com a luz apagada. Quando alguém liga eu fico cheia dos risinhos idiotas porque tiro sarro de quem tenta falar algo e não sai como sairia se fosse você. O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer assim: gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar. E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Mas olha, ainda assim, olha eu aqui de novo. Porque você não é melhor que a minha imaginação, você não é melhor que a minha esperança, você, pra falar a verdade, é bem ruinzinho.
Mas é isso. Um filme com o maluco do fraque e das castanholas me emociona e pronto. O boneco salta da caixinha e espanca meu peito com cabeçadas duras e olhar macabro. A hora que não entra no dia. E eu mais uma vez preferindo não sair ilesa pra me sentir menos machucada.
Você pode, a cada doze dias, ler um texto, a língua, brincar do não abismo, qualquer coisa, só ler, continuar assim, só ler, não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Silêncio

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Quando eu tinha os meus 15 anos, eu detestava o silêncio, pra mim era incômodo calar meus instintos. Os anos se passaram, as pessoas calaram até os ouvidos e agora noto que acabei me tornando uma daquelas pessoas silenciosas.
Ás vezes eu procuro nos meus cadernos velhos sobras de tudo que eu queria ter dito, vejo páginas arrancadas e me lembro das coisas que eu disse e ninguém ouviu, e a medida que eu fui trocando, vejo que o silêncio foi ficando mais intenso, e as páginas em branco passaram a ser mais recorrentes.
O silêncio, o maldito silêncio que eu odiava nas pessoas, que me fazia achar que elas eram vazias porque não gritavam pro mundo a porra da insatisfação que elas sentiam, que me fazia achar que elas eram frias porque quem em sã consciência iria ver o amor fugindo e não lutaria, essas pessoas que eram silenciosas demais, esse silêncio que acabou tomando conta de mim e me faz esconder das pessoas o tamanho de tudo que tem dentro de mim, e eu tenho vontade de falar tanta coisa, mas é assim que é, dolorido e solitário ser gente.

domingo, 16 de agosto de 2009

Outra vez

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Eu não me surpreendo mais quando, sem nem notar, passo uma rasteira no que me causa alguma dor. Foram anos que me deixaram forte os que passaram, e eu nem me reconheço mais quando me pego chorando por uma causa que é só minha.
Foram esses anos que me mostraram que eu não era dona da culpa. A minha vontade de buscar mais e mais felicidade nunca foi pequena, então nunca coloquei limites nos meus pés pra ir atrás dela... Eu já nasci acompanhada da lição de vida, ela me deu muita porrada e me disse que não era pra eu me acostumar com o que é pouco, então eu cavo na procura de mais, pra poder me fazer inteira. Meu único medo é ter medo de correr o risco, de perder minha coragem, de me sentar e aceitar que não deu certo. Eu nunca tive vergonha de sofrer, tenho vergonha é de aceitar qualquer coisa, o pequeno, de esquecer de cuidar da mulher que cresce dentro de mim.
Então ontem eu estava quebrada, hoje eu junto os pedaços e amanhã eu coloco a mochila nas costas mais uma vez.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Absurdo

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Você queria me comprar porque eu parecia um sonho, porque eu era teu filé, e como já era tarde, disse que tudo bem. Você me colocou na mesa pra ceia e micumia. Eu te falava “para que dói, mozinho” e você me dizia “não fódi”. E eu virando suquinho dentro de você, brincando de tobogã no teu esôfago, afogando a batata no estômago, e você gritava “ai que delíííícia de mulher”. Aí você me acomodou na sua cama, me deixou quentinha, me deitou de lado e dizia que nunca teve um gostinho melhor... No dia seguinte você correu pro banheiro me largar e falou “ui pra você”.

E hoje eu to aqui, largada, junto com tantos outros “sonhos”, “filés”, “corações” e “docinhos de côco”, tentando não esquecer que a cadeia alimentar é um ciclo, implorando pra esquecer que pra você eu dei a carne de primeira.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Gente pequena

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Eu cansei de ser gente grande. Tudo era fácilmente resolvido quando eu era criança, não havia necessidade de nada, ninguém vivia numa rinha doentinha pra se tornar o macho ou fêmea dominante, qualquer coisa se resolvia com aqueles gritos infantis intermináveis, um fôlego maior do que Nivaldo Prieto tem que sabe Deus de onde a gente tirava. Hoje em dia a gente tem que tomar cuidado com o jeito que anda, com o jeito que come, com o jeito que senta, com o jeito que se veste, com o jeito que fala... Ainda corre dentro de mim aquela vontadezinha de sair pra rua jogar bola na frente de casa, vontade de andar de bicicleta com todo mundo, se arriscar demais e voltar toda quebrada pra dentro de casa, tomar aquele copão de nescau e dormir a tarde inteira. Me dá uma indigestão psíquica essa coisa de colocar meu sapatinho de mulher, ir pra faculdade, ir trabalhar, ir pagar minhas contas, dormir de madrugada, comer menos doce, comer menos fritura, ir resolver burocracias, chorar porque a gente sempre acaba sozinha, saber falar da revolução francesa, ouvir reclamação de gente que entende menos do que você das coisas, defender minha intectualidade, ganhar dinheiro, ter problemas reais, aguentar a chatisse de pessoas que você não quer aguentar, traumas, descobrir que quando você passa dos 20 você começa a ganhar peso, ganhar estria, ganhar celulite, ganhar todas as coisas que antes você se iludia que jamais iria ter, chorar de cólica, esses hormônios que insistem em ficar se chutando e você não sabe mais se tá com frio, se tá com calor, se tá triste, se tá feliz, se eu odeio ou se eu quero ter um filho, dar conselho pro meu pai, dizer como se faz pras minhas amigas e ás vezes precisar falar com a voz da experiência de quem viveu muito e sabe do que fala, parece que já tenho 30.
E depois de tudo isso, eu me escondo embaixo das cobertas, depois de deixar pelo menos a tv ligada, e dou uma rezadinha pra nenhum monstro sair de algum canto, converso com meu urso de abraçar que por favor não me deixe mijar na cama dessa vez e fujo da realidade criando histórinhas que só fazem sentido na minha cabeça... Eu ainda quero ter 5.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Te adoro

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Eu quero que você me veja rolando na sua cama, quero que veja minhas coisas espalhadas pelo quarto e que ao andar na rua, você sinta meu cheiro... Eu quero que ao deitar, você respire lembranças do que pra mim foi mais que uma brincadeira que a gente espera pelo tempo fazer morrer.
Saudade não morre só porque a gente decide assim. Eu vou ficar esperando pela hora que você deita na cama, me abraça e diz que me adora. Vou estar ansiosa pra ganhar um beijo, pra ouvir tua voz, até pra ver suas caretas que me deixam insegura... Vou perder a noção do tempo lembrando do nosso sexo, vou ficar sorrindo lembrando do quanto eu te acho inteligente, engraçado, com valores firmes e tantas outras coisas que se tornam desnecessárias dizer, porque ficam óbvias quando eu olho pra você.
De escolhas e perdas a vida é feita e eu não sei nada sobre nós dois, não sei no que tudo vai dar, não sei se quando você me conhecer de verdade vai me querer como eu te quero, mas eu coloco todas as minhas fichas em você.
Eu não quero mais ninguém além de ti... Quero você, só você pra me dizer que tudo vai ficar bem, só você pra me ter em seus braços, só você pra me fazer sentir bonita, só você pra me dizer várias vezes "você é minha".
Eu te quero muito! Quero ás três da tarde de uma terça e as dez da noite de um sábado. Quero como ninguém mais te quer.
E não te quero porque tu completa coisas quebradas, me dá respostas pra perguntas que não foram respondidas. Só pelo que você é, porque antes de você chegar, tudo que tinha passado já estava de fato enterrado. Você veio só pra quebrar qualquer regra e deixar claro que pode acontecer de novo.
É difícil pra mim acreditar em qualquer coisa, mas eu acredito que eu posso ser feliz com você. Então baby, seja "ele" porque eu sou louca por você.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Todo coração é uma célula revolucionária

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Eu nunca tive limites, sempre me pareceu estranho viver o que não era pra ser de fato. Quando eu era pequena e brincava de casinha, era sempre real, era estranho quando meus pais chegavam no quarto e me diziam para ir jantar, um choque de realidade. Hoje em dia, quando eu sonho, eu sinto a mesma coisa, quando eu acordo, parece que minha vida de repente mudou de lugar. As vezes eu até penso se a gente vai viver outra vida quando a gente dorme.
Mas isso foge do contexto, o fato é que eu sempre fiz o estilo sonhadora, por mais que eu sempre mantivesse meus pés no chão quando algo podia me tirar fora da realidade... Se eu amasse, eu ainda estava em primeiro lugar. Se eu sentisse saudade, eu me esforçava pra estar tranquila. Se eu estivesse pertinho da loucura, eu sabia que meu auto-controle iria sair por cima.
Não é que hoje eu não sinta tudo isso, até passa, enquanto o tempo passa, a se tornar mais forte dentro de mim. Mas quanto mais eu sonho, mais eu me desprendo do que seria real, antes de dormir eu brinco de casinha com os pedaços que você deixou na minha vida. Eles vão se desprendendo pouco a pouco do que por um momento foi verdadeiro, pra pedaços de histórias que eu crio dentro de mim e eu passo a gostar de você mais e mais, porque quando eu me lembro do sonho que você me deu na última noite, eu entendo que gostar de você passou a fazer parte do que eu sou hoje, que nada mais é do que ser exatamente quem eu sempre fui... Se de fato o velho clichê está certo, acho que eu encontrei o que era pra ser perfeito.

terça-feira, 19 de maio de 2009

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Pensei em vocês todos os dias, rasquei as fotos em que apareciam ao meu lado.
Eu sou minha companhia favorita, eu faço minha própria insensatez, me deixo ao esmo, às vezes, igual vocês. Mas garanto, tenho muito mais a oferecer.
Por isso deixei meu cabelo despenteado e me ofereci um salto baixo. Mas eu continuo sem conseguir parar de repetir o pedido de desculpa desmerecido que eu queria dar de aniversário.
E agora, recorto os sorrisos que aparecem nas velhas fotos e guardo-os. Inclusive das 3x4. Dos 10 aos 17 anos. O vazio nos lábios faz lembrar que talvez eu não tenha nada pra falar...
Vou agora colar os pedaços de risos sobre a boca dessas fotos novas, e assim, de tanto admirar, começo até acreditar na ilusão dos meus dentes se entreabrindo de par em par.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Not today; Another day.

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Se algum dia se sentir confuso e não souber porque exatamente o vento bate, derruba tudo e você gosta, eu descobri o segredo. E ele é mais simples do que todas as razões que eu tentei encontrar pra descobrir porque essa necessidade tão grande de tirar pedaços de você pra me completar, mais simples do que todas as razões que você tem pra arrancar pedaços de mim pra se sentir mais completo. Ele foge do marasmo e preenche essa voluptuosidade que a gente sente, essa mania de cavar mais e mais pra ver se encontra um algo que finalmente sacie essa busca. O segredo é simples e lógico, dessa vez a gente tinha alguém pra caminhar junto. A gente sempre vê essa luzinha, que instiga a gente porque sabemos que existe mais um fundo no fundo, que nos impede de viver na superfície... E é essa luz, que alimenta nós dois, que me deixa sem entender o que a gente tá fazendo de errado pra de repente sentir um terremoto entre nossos pés e enlouquecer. Eu só sei que até dessa loucura eu vivo mais... E enquanto a gente permanecer nessa busca pelo ser-inteiro, eu ainda vou comer o máximo de você que eu puder.

sábado, 9 de maio de 2009

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Não é a verdade que você quer? Pois vou lhe dizer a verdade, a verdade é que eu já devia ter te deixado há muito, mas muito mais tempo! Sinto muito, meu amorzinho, mas não dá pra namorar sete anos, sem que você me dê. Você sabe, já era pra você ter me dado, se entregado a mim... Transado, trepado, fodido e tal... Era até já pra eu ter te comido de quatro, sem eira, nem beira, pela beirada, no sofá, no carro, na cama e até mesmo experimentado uns três kama sutra bem gostosinho, escondidos no seu quarto... É isso, pronto, falei! é por isso que tou terminando contigo. desculpe a sinceridade, mas é que eu não agüento mais essa ciranda - cirandinha de beijar, beijar... Beijar! Isso cansa, meu! Cansa pra caralho.

Aliás, meu caralho já cansou de cansar. É isso, tá acabado. Já não te suporto mais, guria. Você me dá muito gasto, prejuízo. Consome minha comida, consome minha paciência. Você me deixa fodido, é isso, você fode com a minha vida, com meu cartão de crédito, com tudo, menos comigo! Comigo! Pô, quer saber? Vai procurar alguém puro, virgem, imaculado, sei lá. Vai namorar a sandy! Não me procura mais. Se me ver na rua, me poupa de bom-dia, tchau ou até mais tarde...

Já não agüento mais essa sua cara de vadia. E... E é isso mermo! Cabou. Me esquece, falou? Não fica mau, de boa, não fica. Tipo se... Sei lá, se apesar de tudo tu ainda quiser ficar comigo... Hum, meu mozinho... Pára de pegar no meu pé, e aprende a pegar no meu pau.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Tita

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A Tita era a projeção material de tudo que eu queria ser na vida. Foi ela quem me ensinou a ser mais bondosa, paciente, tranqüila, a sorrir mais, a ser gentil (e me ensinou que na luta pelo salame, pelo chocolate e pelo sorvete é cada um por si).

A Tita era sempre encontrada no sofá da minha casa, na cama de alguém e no calor estirada em alguma superfície gelada, com a barriga pra cima. Não importava o quanto você chamasse por ela nesses momentos, o descanso era o ápice da vida dela e devia ser respeitado, se eu fosse atrás, ela sorria.

A Tita era louca por doce! Sorvete, bala, chicletes, bolo, brigadeiro, jujuba, caramelo, chocolate. E não é mentira quando eu digo que ela fazia o impossível pra conseguir tudo isso... Ainda me lembro do dia que eu fiquei sem ovos de páscoa.

Mas o mais legal sobre a Tita foi que ela foi minha companheira por anos e anos da minha vida. Eu sentia que ela sabia quando eu estava triste, deitava comigo e me lambia o rosto. Ela sabia principalmente quando eu tava feliz, porque ela sempre se saía bem nessas horas. Convivendo todos esses dias com ela, tive certeza que ela entendia o que a gente dizia.

Mas faz um ano que a Tita se foi. Em um mundo que fosse bom pra se viver cachorro tinha pílula pra viver mais 80 anos! Ela foi um dos meus amores mais verdadeiros, mais sem arrependimentos, minha dedicação mais recíproca. E é engraçado dizer isso, porque se trata de um cachorro, mas quando eu lembro dela, eu lembro do que vim fazer nesse mundo.

sábado, 2 de maio de 2009

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Você me recorda todas as pessoas que perdi por ainda não estar preparada pra elas e todas as mentiras que vivi por não conseguir falar a verdade e ser verdadeira ao mesmo tempo.
Faltou um romance, uma comédia, uma ação no meio desse drama... Pra fingir que funcionou com uma trilha sonora bacana.
Ah, e de pensar que a trilha sonora era tudo que tínhamos, e no entanto não foi só isso que ficou, ficou uma vontade de ter amor pra se contar uma história, mas no entanto, nós só temos esse texto e um pretexto para não ter de dizer que acabou...
E eu queria, queria tanto que fosse você a pessoa que ia limpar toda essa sujeira, mas eu nunca tive certeza se você não era parte dela.
Você logo vai embora de novo, enquanto eu assisto você levar partes de mim que eu nunca senti falta, porque apesar daquela dor discreta, quando você parte com minhas partes, nosso amor não vale nem um curta-metragem, não tem beijo, não tem ar, saliva, e nem uma ousadia pra poder te segurar.

Ju Zonatto e Benhur Bortolotto

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Hunf

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Diz baixinho que não vai demorar. Já disse, não escreva, faça, sem prazos de validade. O tempo das dúvidas acabou.
Lícito ou não, de imediato é assim, você e eu. Que eles não aceitam? Sim, eu sei. Tudo que é convencional não aceita. Porque vivemos no exagero, alimentados pelo fantástico. Mas vamos cair no real, o que seria todo o resto perto do que somos nós dois?
Pare o mundo, dê teu último suspiro, só nos somos o que há de constante. A distância não é amiga. Fiz juras de adiá-la até o dia em que o nosso conto saísse do plano surreal e dias como aqueles tornassem diários. Sou 100% impotente nessa história.
Querer aqui não é poder. Fazer o quê com esse sentimento desenfreado que segue dominando repertórios? Fomos podados de toda nossa razão.
Cadê você agora para me dizer "relaxa"? Essa última palavra é algo que já não consigo. Não pareço ser eu mesma. Dessa vez eu me preocupo com tamanha intensidade. Ando querendo me proteger.
Não, ocultar. Essa é a palavra que mais faz sentido agora. Ocultando sentimentos, enquanto eu oculto a minha vontade se sair gritando teu nome. Talvez seja tarde. Talvez a data da devolução já tenha encerrado. Pra quem eu envio a carta de reclames do produto? O manual não inclua nenhum termo de "dependência".
Eu ando cansada dessa tal insegurança e do seu jogo de esconde-esconde.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Pouco, muito, tantos sentimentos.

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Eu nunca soube viver sem ser um pouco polêmica, um pouco odiada, um pouco amada, um pouco estranha, um pouco desejada, um pouco pouco. O problema é que você me fez ser um pouco muito, e lá vou eu mudar tudo e ser um pouco muito polêmica, um pouco muito odiada, um pouco muito amada, um pouco muito estranha, um pouco muito desejada, muito muito.

E foi tanto tanto que eu mal me acostumei. Então agora eu só sei ser pouco muito tanto estranha, por isso que eu não sei exatamente o que fazer com nós dois... Porque eu fui pouco muito tanto amada nas horas que eu não eu fui pouco muito tanto odiada que tudo que eu sei é que realmente eu fui um pouco muito tanto desejada. Então eu sei de verdade que os teus sentimentos não tinham nada de pouco, era muito, era tanto.

Então, eu não sei ao certo se eu sinto pouco, muito ou nem tanto sua falta, eu só sei que eu quero ouvir tua voz, eu quero saber que você está bem, eu quero ter certeza que a gente deveria ficar junto, exceto pelo fato de que a gente não consegue ficar junto, eu só quero saber que eu te amo e você troca isso com amor também.

Não importa mais quantos poucos, muitos ou tantos capítulos ainda estão por vir, eu só quero que a gente continue sentindo. E depois de poucos, muitos, tantos trechos que poderiam ser, agora tem um texto que foi feito inteiramente pra você.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O lado sujo

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Existem seis bilhões de pessoas no mundo e parece que existe um questionamento de cada uma delas dentro da minha cabeça. Para todas elas, eu tento buscar uma resposta, mas é como se todas essas pessoas estivessem falando, dando opiniões, fazendo uma confusão que foge do meu controle arrumar. Insistentemente, eu tento manter uma coerência, mas me carrega pra uma maníaca obsessão de por um ponto final, sem sucesso, e eu me desligo de mim mesma.

Eu fico assim, vivendo anestesiada, fugindo de todos os meus dilemas, das minhas responsabilidades, de mim mesma, vivendo num completo vazio. Um vazio sem cor, onde cortes são sangram e nem doem, onde as relações se perdem, a emoção não existe. É o verdadeiro desprendimento do meu eu, que me transforma na ferida que mais dói, me tornei uma morta-viva.

Com isso tudo, surgem alguns psicomazoquistas que querem desafiar toda essa complexidade que eu me tornei e se apaixonam por toda minha dor, quando o que eu procuro é jogar ela em um saco e fazer voar pra longe daqui. Mas o que me sobra?

Existem seis bilhões de pessoas dentro de mim, e pelo menos metade delas me perguntam: aonde eu vou me encontrar?

 

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