A Tita era a projeção material de tudo que eu queria ser na vida. Foi ela quem me ensinou a ser mais bondosa, paciente, tranqüila, a sorrir mais, a ser gentil (e me ensinou que na luta pelo salame, pelo chocolate e pelo sorvete é cada um por si).
A Tita era sempre encontrada no sofá da minha casa, na cama de alguém e no calor estirada em alguma superfície gelada, com a barriga pra cima. Não importava o quanto você chamasse por ela nesses momentos, o descanso era o ápice da vida dela e devia ser respeitado, se eu fosse atrás, ela sorria.
A Tita era louca por doce! Sorvete, bala, chicletes, bolo, brigadeiro, jujuba, caramelo, chocolate. E não é mentira quando eu digo que ela fazia o impossível pra conseguir tudo isso... Ainda me lembro do dia que eu fiquei sem ovos de páscoa.
Mas o mais legal sobre a Tita foi que ela foi minha companheira por anos e anos da minha vida. Eu sentia que ela sabia quando eu estava triste, deitava comigo e me lambia o rosto. Ela sabia principalmente quando eu tava feliz, porque ela sempre se saía bem nessas horas. Convivendo todos esses dias com ela, tive certeza que ela entendia o que a gente dizia.
Mas faz um ano que a Tita se foi. Em um mundo que fosse bom pra se viver cachorro tinha pílula pra viver mais 80 anos! Ela foi um dos meus amores mais verdadeiros, mais sem arrependimentos, minha dedicação mais recíproca. E é engraçado dizer isso, porque se trata de um cachorro, mas quando eu lembro dela, eu lembro do que vim fazer nesse mundo.
0 comentários:
Postar um comentário